Se
porventura você está passando por um deserto, isto é, algum problema,
tribulação, angústia acho que o texto abaixo pode ajudar. Quando o
escrevi ajudou a acalmar o meu próprio coração. Espero que aconteça o
mesmo com você!
“E te lembrarás de
todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes
quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no
teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não” (Deuteronômio
8:2).
Ninguém gosta do deserto. Na tipologia bíblica, deserto
quase sempre é sinônimo de tribulação. Contudo, há lições preciosas a
serem aprendidas nos desertos da vida. À luz da Palavra de Deus quero
apresentar algumas razões pelas quais Deus pode nos levar para o
deserto. Senão vejamos:
O texto de Deuteronômio 8:2 nos dá a
primeira dica sobre os porquês dos desertos em nossas vidas: “lembrem-se
de como o Senhor, o seu Deus, os conduziu por todo o caminho do deserto
para te humilhar”. O deserto nos humilha. Pessoas orgulhosas encontram o
antídoto para esse terrível sentimento no deserto. Muita gente inalou o
veneno do orgulho, mas o deserto é o remédio de Deus para os
presunçosos. Acredito piamente que Deus permite desertos em nossas vidas
para nos humilhar. Nossa geração é uma geração de orgulhosos.
Precisamos experimentar a unção de João Batista: “importa que ele cresça
e que eu diminua” (João 3,30). O irmão de Jesus, Tiago, em sua carta no
capítulo quatro verso dez nos dá uma receita contra esse mal que faz a
alma definhar: “humilha-te diante do Senhor e Ele te exaltará”. Nosso
amado Jesus é a personificação da humildade. Paulo expressa isso quando
diz que “Jesus humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e
morte de cruz” (Filipenses 2.8). Os israelitas aprenderam no deserto a
lição da humildade. Espero que você não precise ser levado às estradas
áridas do deserto para aprender a ser humilde, mas se for necessário,
tenha por certo, Deus o levará.
A humildade não rebaixa as pessoas,
antes eleva a condição de gigantes. Alguém já disse que “nunca fomos tão
grandes quando no dia em que nos humilhamos”. A Bíblia diz que “seis
coisas o Senhor aborrece, e a sétima sua alma abomina”. A primeira coisa
que Deus odeia é o orgulho. O que encabeça esta lista fúnebre é o
orgulho, veja Provérbios 6:16-19. A Palavra de Deus é sobeja em nos
alertar contra esse terrível mal. “Aquele que se exalta, Deus abate, mas
o que se humilha Deus exalta”. Benjamin Franklin sabia o que dizia:
"Ser humilde com os superiores é uma obrigação, com os colegas uma
cortesia, com os inferiores é uma nobreza". Também são oportunas as
palavras de um dos pais da igreja, Agostinho: "Simular humildade é ser
soberbo." Por que Deus permite o deserto? A primeira razão é: para nos
humilhar.
Uma segunda razão que enxergo, à luz do texto, para os
desertos de nossas vidas se encontra na continuidade do mesmo texto de
Deuteronômio 8:2: “para provar”. O deserto não serve apenas para
humilhar, mas também para provar, corrigir. O deserto pode ser uma prova
cabal de que estamos sendo tratados pelo Senhor. O deserto não é para
destruir os filhos de Deus, mas serve para retirar as impurezas. Como o
fogo prova a prata e o ouro, assim o deserto prova quem é do Senhor.
Certamente uma das razões pelas quais podemos estar passando por
desertos é a correção do Senhor. É fácil dizer que pertencemos a Deus
quando tudo está bem, mas o deserto prova quem é de fato do Senhor. Deus
corrige a quem Ele ama. Novamente Tiago, o irmão de Jesus, nos orienta a
esse respeito quando diz: “considerem motivo de grande alegria o fato
de passarem por diversas provações”. O deserto com suas provações nos
distancia do pecado. Se o deserto está servindo para nos distanciar do
pecado isso é motivo de alegria. Segundo o mesmo Tiago a perseverança na
provação conduzirá à coroa da vida. Deserto é sinal de prova, mas há
recompensa para os aprovados. O deserto prova e espero que você e eu
sejamos aprovados.
O deserto também serve para fazer externar o que
se encontra no nosso coração. Veja o que diz o texto: “para saber o que
estava no teu coração”. No deserto as pessoas costumam tirar as
máscaras. No deserto o azedume da alma ou o louvor mais sincero podem se
manifestar. O deserto serve para saber o que está de fato enraizado no
nosso coração. Não é raro em tempos de desertos a boca externar o que
está no coração. Lembre-se desta lição: o deserto torna audível o que se
encontra mascarado no nosso coração. No deserto Deus ouviu vozes do
povo que jamais ouviria em tempos de bonança.
Outra razão a que
serve o deserto é que ele ajuda a reordenar prioridades. Note o que diz o
texto de Deuteronômio 8:3: “E te humilhou, e te deixou ter fome, e te
sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram;
para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o
que sai da boca do Senhor viverá o homem”. Este texto de Deuteronômio
encontra eco em Mateus 6:33,34: “busquem, pois, em primeiro lugar o
Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão
acrescentadas. Portando não se preocupem com o amanhã”. O deserto ajuda a
valorizar as oportunidades. O deserto nos faz dar valor às pequenas
coisas. O deserto nos faz aquietar. O texto em apreço não freia o desejo
de progredirmos, mas nos alerta para a correria desenfreada para
conquistar coisas e nos esquecermos do essencial: o reino de Deus. Você
pode trabalhar e adquirir muitas coisas, mas não se esqueça de priorizar
e fazer tudo para a glória de Deus. O apóstolo Paulo disse em I
Coríntios 10.31: “portando quer comais quer bebais ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. A mensagem de Jesus
prioriza o ser e não o ter. Muitos têm, mas não são, ou seja, possuem
coisas, bens, mas à custa da venda de princípios. São oportunas as
palavras do Mestre em Mateus 4:4 em resposta ao diabo: “Ele, porém,
respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de
toda a palavra que sai da boca de Deus”. No deserto aprendemos a dar
valor ao essencial. No deserto aprendemos a priorizar o essencial. No
deserto a escala de valores muda. No deserto aprendemos se o que vale
mais é um caro zero ou a palavra de Deus.
No deserto somos
disciplinados. Esta é mais uma lição que aprendemos com e no deserto.
Creio piamente que o deserto serve ao propósito de Deus, especialmente
para disciplinar seu povo. Note o que diz Deuteronômio 8:5: “Sabes,
pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te
castiga o Senhor teu Deus”. Deus é Pai e dependendo da maneira como
estamos vivendo Deus pode não se agradar e por amor aos seus filhos
haverá correção e o deserto será parada obrigatória. Alguns textos da
Palavra de Deus endossam essa verdade. Vejamos alguns: “E, na verdade,
toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza,
mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”
(Hebreus 12:11. Em Provérbios essa verdade vem com essas palavras:
“Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua
repreensão. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o
pai ao filho a quem quer bem”, (Provérbios 3:11,12). A verdade Bíblica é
que: feliz o homem a quem Deus corrige! Volta a pergunta: Por que Deus
permite passarmos por desertos? Resposta: para nos conduzir de volta aos
trilhos, ou seja, o deserto nos corrige. O deserto nos corrige e nos
capacita a sermos agentes de Deus para ajudar pessoas que estão passando
pelos mesmos desertos que um dia nós passamos. Assim entendia Paulo
quando disse: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em
toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que
estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos
consolados por Deus” (II Coríntios 1.3-4).
Por fim, acredito que o
deserto nos prepara para bênçãos extraordinárias as quais não estávamos
preparados para recebê-las. Note os versos de Deuteronômio 8:7-10:
“Porque o Senhor teu Deus te está introduzindo numa boa terra, terra de
ribeiros de águas, de fontes e de nascentes, que brotam nos vales e nos
outeiros; terra de trigo e cevada; de vides, figueiras e romeiras; terra
de oliveiras, de azeite e de mel; terra em que comerás o pão sem
escassez, e onde não te faltará coisa alguma; terra cujas pedras são
ferro, e de cujos montes poderás cavar o cobre. Comerás, pois, e te
fartarás, e louvarás ao Senhor teu Deus pela boa terra que te deu”. Você
pode estar se perguntando: “por que Deus não deu essas bênçãos no
deserto?”. Quando Deus nos priva de bênçãos no deserto não significa que
nos esqueceu. Deus nos prepara para bênçãos as quais não estamos
preparados para recebê-las. Deuteronômio 8:12 e 18 nos acrescentam
detalhes a esse respeito: “para não suceder que, depois de teres comido e
estares farto, depois de teres edificado boas casas e estares morando
nelas, antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá
força para adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que
jurou a teus pais, como hoje se vê”. Bênçãos retidas são bênçãos também.
Eis um alerta solene que o deserto nos faz entender: quando recebermos
as bênçãos, a vitória completa, não sejamos ingratos. Às vezes Deus nos
priva de vitórias imediatas “para que não aconteça que depois de terem
comido até ficarem satisfeitos, de terem construindo boas casas e nelas
morando, de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro e
todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e vocês se esquecerem
do Senhor o seu Deus, que lhes tirou do Egito, da terra da escravidão”.
Deus nos prepara no deserto para recebermos bênçãos maiores.
ORAÇÃO: Querido Deus como é difícil o deserto! Contudo, ajuda-me a
atravessar os desertos da vida olhando para Senhor e aprendendo suas
lições. Que ao final da caminhada eu seja mais íntegro e fiel ao Senhor.
Por Manoel Neto
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